Ø A matéria-prima da autoria é a escrita, mas vista de maneira diferente das séries iniciais (aquisição da leitura) e do ensino médio, no qual os alunos são orientados para a produção de textos visando à prova de vestibular.
Ø A aquisição precoce da escrita não garante o usufruto da mesma na vida adulta. “Para a maioria, escrever é um tormento e o resultado de sua escrita está muito aquém do satisfatório” (p.174).
Ø A grande dificuldade é formar idéias por escrito.
Ø Por que estudamos tanto e aprendemos tão pouco?
1) Fracasso na educação infantil
2) Fragmentação no mundo da pesquisa e do ensino. Os pesquisadores estão concentrados em grupos voltados para a faixa etária, quem se interessa pelo ensino superior ignora o infantil e vice-versa.
Ø O orientador – personagem que leva muitos sujeitos a autoria. É o publico privado do texto do seu orientando, pode incentivar o desenvolvimento do estilo do autor.
Ø Responsabilizar-se publicamente pelo escrito cometido é condição da autoria, o que significa correr o risco de ser punido por seu texto, de ser mal interpretado.
Ø “Mas, para ser autor não basta escrever, é imprescindível entregar o seu escrito ao olhar e a circulação públicos.”
Ø Didáticas do modelo voltadas para o ensino da escrita geram inibição e exclusão, obstruindo a criatividade.
Ø O modelo é o ideal, a meta, impossível de ser atingido. O sujeito nunca alcança o modelo, por conta de este ser idealizado o texto produzido será sempre inferior.
Ø A escola está repleta de modelos a serem seguidos (cartilhas, livros didáticos, além de modelos de bom comportamento).
Ø “A avaliação precisa do modelo, da norma para estabelecer suas grades e níveis, sendo este lugar frequente da escrita dos alunos implicando julgamento”. É um escrito destinado a uma autoridade e não a leitores lançados na circulação pública.
Ø “Como se faz?” Pergunta feita pelos alunos aos seus professores, os quais indicam o caminho “eficaz” seguindo o caminho das normas como se os alunos não fossem capazes de produzirem bem caso não existisse esses modelos que, nesse sentido, inibem mais do que motivam.
Ø Durante a graduação e pós-graduação não ocorrem diferente, os docentes que não recebem orientação para conduzir monografias e dissertações respondem à pergunta “como se faz?” buscando manuais de metodologia cientifica. Esses manuais metodológicos favorecem a produção de textos padrões inspirados em modelos idealizados.
“As dimensões da criação, da criatividade, da autonomia e da autoria na construção de conhecimentos são raras vezes salientadas como fundamentais na maioria das obras do tipo “como fazer”, passando a idéia falaciosa de que, para ser cientifico, basta o texto obedecer a uma formatação rígida e única, um trilho do qual não se poderia sair sem pecar contra o rigor cientifico” (pág. 189).
Ø O resultado da normatização são produções homogêneas, estruturadas da mesma maneira com padronizações desnecessárias que atrapalham o desenvolvimento do autor e do trabalho.
Ø Percebe-se que a adoção de modelos atravessa toda a escolaridade (da pré-escola até a pós-graduação), isso por que a escola considera que o aluno precisa ser preparado para aprender “como se deve fazer” antes de começar a escrever.
Ø Esses modelos só prejudicam o desenvolvimento da autoria. Poucos são os que se arriscam em quebrar essas regras e inovam em suas teses, como Silva Jr., quem apresentou em forma de livro sal tese e Regina Leite Garcia, a qual estando na Europa produziu sal tese a partir de uma série de cartas destinadas ao seu grupo de pesquisa no Brasil.
Ø Essa ousadia ocorre apenas por alguns pesquisadores com maturidade intelectual, os quais influenciam um pequeno grupo de pesquisadores em formação ficando a maioria a mercê dos padrões dos manuais.
“Poucos são aqueles que põem a sua cabeça a prêmio como considera necessário Foucault para tornar-se autor”.
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